segunda-feira, 5 de abril de 2010

Com Licença Poética


Observação pessoal: Achei bastante interessante esta poesia de Adélia Prado, na verdade, é uma paródia da poesia de Carlos Drummond de Andrade, Poema de sete faces, quem ainda não a leu, é interessante lê-la pois os textos dialogam.
Boa Leitura!

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.
In Adélia Prado, Poesia Reunida

Aluno: Wandreson Rocha

3 comentários:

  1. Gostei, depois que eu der uma olhadinha no outro texto eu comento melhor !
    =*

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  2. Gostei muito Wandreson!
    Principalmente da frase : O que sinto escrevo;
    Foi bem profundo.

    Aluno:Carlos Tito

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  3. Também gosto muito desse texto!
    valeu!
    'Wandreson''

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