terça-feira, 23 de março de 2010

Conto:

Água e a mulher:
Olhando a paisagem, um caminho, e não podendo ver onde está o final...só a origem...posso te contar o que tem depois da primeira curva e também como pular pedras, ou desviar delas... porque sou água...que escorre por entre os dedos quando se quer segurar.
Que às vezes é um pequeno fio que corre pela trilha, que forma e transforma seu próprio caminho...encontrando uma pedra, desvia, segue adiante.
Que às vezes encontra um buraco e fica empoçada...mas não por muito tempo, pois corrente contínua, enche a fenda e transborda, buscando novamente seu destino...
Que em outras ocasiões acumula tanta força e com tamanha intensidade, que é capaz de derrubar uma montanha.
Que corre suave, tranqüilamente...como corrente que vai para o mar... calma, límpida, cristalina...
Que viaja em passo acelerado, como quem tem pressa... unindo-se a outras forças que como ela tem vontade de chegar lá, e encontrando diante de si um abismo, se transforma em cachoeira, não desiste, resiste em espuma flutuante...
Pode esfriar tanto, tornar-se sólida e com grande resistência... gelo, gelada, frígida e intransponível... mas branca, brilhante qual cristal flamejante ao sol... alvura que cega... inerte, sem movimento, mas subitamente, ao se expor à luz...escorregadia se torna... move-se por vezes inesperadamente, numa avalanche que leva tudo que encontra pela frente, frondosas árvores... morro abaixo...
Que pode aquecer, e aquecida evapora....faz chover...em grandes quantidades, pesada e sem sentimentos... tempestades...
Que pode vir de leve, como chuva fina e intermitente, ou grossa, sem jeito, desengonçada, mas gostosa como nos dias de verão, rápida e refrescante...... fria ou quente...
Que pode refrescar seu corpo quando tiver calor, um banho quente nos dias de inverno...
Sendo assim, leve, transparente e poderosa, pode matar sua sede, pode alimentar seu corpo, saciar seus desejos...
De fácil miscigenação, aceita componentes atômicos de diversas origens...mas só há uma combinação perfeita, sem resíduos após a decantação... se a outra parte for água também, pura e cristalina como ela.

Rosy Beltrão 14/12/00

Site: http://recantodasletras.uol.com.br/contoscotidianos/330
Aluno: Wandreson Rocha

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